Perto de Completar um ano do Crime da Vale em Brumadinho, o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração se manifesta sobre  a  lentidão da justiça em indiciar  os responsáveis pela morte de 270 pessoas – 255 corpos foram resgatados  e 15 ainda  seguem desaparecidos – na tragédia criminosa da Vale, no dia 25 de janeiro de 2019. O maior desastre da mineração do país em número de vítimas fatais.  

Ao contrário da tragédia ocorrida em Mariana – MG (2015), envolvendo a mesma mineradora (Vale S.A.), a empresa se apressou em reparar financeiramente os atingidos. De certo que com valores ínfimos, sem a menor comparação  ao valor de cada vida ceifada naquela tragédia criminosa. A maioria dos mortos na tragédia eram trabalhadores, funcionários da Vale e de empresas terceirizadas que estavam no refeitório ou nos escritórios da empresa. Esses locais funcionavam abaixo da Mina Córrego do Feijão e a mineradora tinha conhecimento de que em caso de rompimento da barragem eles seriam devastados rapidamente.

Após um ano da tragédia, com relatórios de três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), Câmara dos Deputados, Senado Federal e Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, o Ministério Público ainda não ofereceu denúncia à Justiça, embora admita que as investigações apontam que haviam  elementos de que o risco de rompimento não era desconhecido da empresa. A VALE SABIA QUE A HAVIA RISCO DE ROMPIMENTO DA BARRAGEM. 

A mineradora Vale  tem investido milhões em propaganda com tom afirmativo e mostrando as ações tomadas na reparação da tragédia. Os investimentos em imagem são altos, perto dos recursos destinados à reparação e indenizações de vítimas e familiares. As ações de marketing surtiram efeito, no final da primeira quinzena de janeiro as ações da mineradora tiveram forte alta, chegando a R$ 57, valor acima dos R$ 56,15 registrados no pregão anterior à tragédia de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Com a valorização a mineradora passou a valer R$ 301 bilhões, R$ 5 bilhões a mais do que o valor de mercado antes da tragédia em Brumadinho.

Ao que tudo indica, o crime de Brumadinho não alterou a preocupação da Vale em priorizar o lucro de seus acionistas. Segundo anúncio da mineradora, ela estima ter desembolsado com indenizações e ações de reparação pouco mais de R$ 6 bilhões, mas este valor é bem menor que o pago na forma de juros sobre o capital próprio referente ao ano de 2019 aos acionistas, que foi de R$ 7,25 bilhões. Além de ter revertido o “prejuízo financeiro” de R$ 6,4 bilhões no primeiro semestre de 2019, para um resultado positivo de R$ 6,5 bilhões no último trimestre do ano, o que significa recuperação de cerca de aproximadamente R$ 12,5 bilhões no ano.

Portanto, nós do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração vimos a público cobrar do Ministério Público o rápido envio da Denúncia contra a mineradora e demais empresas responsáveis pela tragédia de Brumadinho. E que a justiça faça seu trabalho de punir os responsáveis pela morte de 270 pessoas e todos os  danos ambientais.

Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração

 

 

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