Desde sua primeira montagem em São Paulo, a exposição tem percorrido cidades brasileiras levando fotos, instalações sensoriais, maquetes, uma tela gigante,filmes, aulas públicas, rodas de conversa e palestras com especialistas e atingidos sobre a atuação de mineradoras e violações de direitos.

Exposição na Matilha Cultural (SP). Foto: Danilo Arenas

 

A mostra nasceu meses após o rompimento da barragem de Fundão, que, em novembro de 2015 deixou a região de Mariana (MG) coberta por rejeitos tóxicos. O rastro de lama chegou até o oceano Atlântico e, com ele, cresceu também a necessidade de se discutir as ameaças socioambientais representadas pela mineração. A contaminação da água e do solo, o inchaço e a sobrecarga das capacidades dos municípios que abrigam barragens e os problemas de saúde de sua população são só alguns deles.

 

São Paulo foi a primeira cidade a abrigar a exposição, organizada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração em parceria com a Matilha Cultural – onde ficou em cartaz por 45 dias, em abril e maio de 2016 com o nome:O Rio que Era Doce – os danos irreversíveis da mineração. Ela teve sua montagem apoiada pela Bem-Te-Vi Diversidade, Coordenadoria Ecumênica de Serviços – CESE e Greenpeace.

 

A exposição traz mais de 50 fotos sobre Mariana, sobre a mineração em territórios de diversos estados brasileiros, exibição de filmes, aulas públicas, rodas de conversa e palestras sobre o modelo mineral brasileiro. Merecem destaque a tela O Rio que Era Doce, de 14 x 3 metros, da artista plástica argentina, Leila Monségur, e as maquetes desenvolvidas por Ricardo Silly e Gabriela Vergara, que, com movimentos e sistema hidráulico reproduzem o complexo de Mariana antes do rompimento da barragem e logo após o desastre, com lama se espalhando – bastante didáticas, as maquetes ajudam o público a entender como funciona a mineração e a gravidade de seus impactos, especialmente em termos de contaminação da água.

Destaque da Maquete, ao fundo a Tela O Rio que Era Doce, Matilha Cultural (SP). Foto: Danilo Arenas

Em 2017, em parceria com a Justiça nos Trilhos e apoio de Fastenopfer ela ganhou o nome: Do Rio que Era Doce ao outro lado dos trilhos – os danos irreversíveis da mineração e foi montada em Belém (PA) e Açailândia e  S. Luís (MA). Essa parceria trouxe força e amplitude ao debate, associando o desastre em Mariana aos efeitos da mineração na Amazônia: mais de 2 mil quilômetros separam as duas regiões, mas os impactos são os mesmos. De Parauapebas (PA), onde o minério é extraído, até São Luís do Maranhão, de onde é escoado para o mercado internacional, a população dos 27 municípios cortados pela estrada de ferro Carajás padece com resíduos tóxicos da poeira de minério e com a própria passagem do trem, que leva à deterioração do ambiente onde vivem e é causa de ferimento e morte por atropelamento.

Aula Pública sobre o Desastre de Mariana – Belém (PA). Foto: Edmara Silva

Ainda em 2017, em parceria do Comitê com a Articulação na Bahia (Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM, Comissão Pastoral da Terra – CPT – BA, Movimento Paulo Jakson – Ética, Justiça e Cidadania e Geografar) e apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviços – CESE, CUT – BA, MST – BA e Universidade Federal da Bahia – UFBA, a exposição ganhou novo nome: Do Rio que Era Doce às águas do semiárido: contradições do modelo mineral e foi montada nas cidades baianas Caetitè e Salvador.

Roda de Diálogo em Salvador (BA). Foto:CESE

Em 2018 a exposição foi montada, com seu nome original: O Rio que Era Doce – os danos irreversíveis da Mineração, no Fórum Social Mundial, como uma atividade da Tenda Novos Paradigmas apoiada pela Abong, Iser Assessoria, Misereor, DKA, Fastenopfer e União Europeia.

A Exposição já foi vista por mais de 50 mil pessoas. Desde sua primeira montagem, a exposição tem atraído o interesse de professores que têm levado seus alunos das mais diversas idades para que possam entender os danos da mineração.

Visita de crianças do ensino fundamental em S. Luís (MA). Foto: Edmara Silva

A exposição foi passando por reconfigurações a cada montagem, recebendo novos materiais e dinâmica, mas continua sua história itinerante de levar, através da arte e do diálogo a discussão sobre o modelo mineral brasileiro.

Kátia Visentainer

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