O Relatório apresenta os principais resultados do monitoramento dos conflitos envolvendo a mineração no Brasil em 2024. Os dados completos estão disponíveis em conflitosdamineracao.org, onde é possível consultar cada localidade registrada no Mapa dos Conflitos da Mineração (ainda em fase de  atualização online).

O levantamento identificou 875 ocorrências de conflito em 736 localidades, distribuídas por todos os estados do país, com exceção do Distrito Federal — uma média de 2,4 registros por dia ao longo do ano. Ao menos 1.057.950 pessoas foram afetadas.

Destaques dos conflitos da mineração em 2024

● Em 2024, foram registradas 736 localidades e 875 ocorrências de conflitos, envolvendo ao menos 1.057.950 pessoas.

● Houve expansão espacial dos conflitos, temos 329 novas localidades registradas, correspondendo a 44,7% do total de localidades registradas.

● Dos 26 estados com registros, os que mais concentraram ocorrências de conflito foram Minas Gerais (35,2%), Pará (17,8%), Bahia e Alagoas (6,9%). Minas Gerais também liderou o número de pessoas atingidas (77%), seguido por Pará (8%) e Alagoas (6,5%).

● O bioma com o maior número de registros de conflito foi a Mata Atlântica (46%), seguido da Amazônia (32%), Cerrado (11%) e Caatinga (9%).

● Maceió por conta dos conflitos com a Braskem se tornou o município com mais ocorrências de conflitos, 42 em 24 localidades, superando Brumadinho.

● As maiores violadoras entre as 150 empresas mapeadas foram a Vale S.A. e a a Samarco-Vale-BHP, com 96 ocorrências cada, seguidas pela Braskem (43 ocorrências), Hydro (36), Belo Sun Mining Ltda (20), Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (17), Anglo American (16), Companhia Siderúrgica Nacional (16), Mineração Vale Verde (12) e SIGMA (12). Somando a Vale S. A. e sua subsidiária Samarco-Vale-BHP, o valor chega a 22% de todas as ocorrências em 2024 provocadas pela transnacional brasileira.

● Entre as mineradoras estrangeiras, as australianas lideram em número de violações (12% de todos os conflitos), seguidas pelas canadenses (6,7%) e pelas norueguesas (4,2%). As empresas que possuem capital australiano e concentram o maior número de ocorrência são a Samarco-Vale-BHP e a Mineração Rio do Norte (MRN); Belo Sun Mining Ltda, Sigma Mineração e Aura Minerals são as canadenses mais representativas; já entre as norueguesas, a Hydro.

● Os conflitos por Terra e por Água continuaram os mais recorrentes, com 503 (57,5%) e 281 (32,1%) ocorrências, respectivamente.

● A extração ilegal de minério, em particular os garimpos, gerou 212 ocorrências em 155 localidades de 18 estados, representando 24,2% das ocorrências de 2024, quase ¼ do total. Os estados que se destacaram foram, Pará (26,89%), Mato Grosso (15,57%), Amazonas (13,68%), Minas Gerais (10,38%) e Rondônia (6,60%). Além disso, os Indígenas foram o primeiro grupo social mais violado por essa atividade, correspondendo a 57,5% das ocorrências ligadas a extração ilegal.

● Ocorrências de violências extremas foram: invasões (101); intimidação (58); morte de trabalhadores (32 ocorrências); ameaça de morte (19); trabalho escravo (19); expulsões (14); assédio (13); violência armada (9); criminalização (5); agressão (3); violência física (2); sequestro (1); e tentativa de assassinato (1).

● As categorias sociais atingidas pela mineração foram: Pequenos proprietários rurais (13,3%), Indígenas (12,3%), População urbana (10,6%) e Trabalhadores (8,7%). Foram mapeadas 168 reações diretas às violações, com destaque para Minas Gerais (73 ocorrências), Pará (16) e Alagoas (14). Maceió congregou 13 ocorrências relacionadas à reação, seguida por Belo Horizonte, com 12. As categorias com mais ações de resistência foram a Indígenas (29 ocorrências), Pequenos proprietários rurais (25), População urbana (25), Atingidos (22) e Quilombolas (21).

● Ao menos 87.129 indígenas estiveram envolvidos em 108 ocorrências de conflitos em 69 áreas, sendo 51,9% deles contra garimpeiros, 32,4% com alguma mineradora internacional, com destaque para a Potássio do Brasil, Hydro e SIGMA.

● Os quilombolas sofreram 48 ocorrências em 41 localidades, englobando ao menos 18.760 pessoas. As principais empresas envolvidas nos conflitos são Hydro (18,2%), Aura Minerals (13,6%) e Sigma Mineração (9,1%).

● As ocorrências envolvendo populações tradicionais somam 245 em 134 localidades, abrangendo ao menos 136.789 pessoas, no Pará (50% das ocorrências), Espírito Santo (16,7%) e Amazonas (9,1%).

● Os conflitos urbanos mobilizaram pelo menos 74.279 pessoas, com 97 ocorrências em 71 localidades. As empresas que mais afetaram áreas urbanas foram Braskem (32%), Vale S.A. (13,4%) e CSN (10,3%), sendo Maceió (30 ocorrências) a cidade com mais conflitos.

Acesse o Relatório Anual – Conflitos da Mineração no Brasil (2024) Aqui!

Sobre o Mapa dos Conflitos da Mineração

Criado pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, no âmbito do Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil, o Mapa dos Conflitos é uma ferramenta de denúncia, monitoramento e visibilização das violações associadas ao setor mineral no país. O levantamento registra conflitos em áreas urbanas e rurais, envolvendo empresas mineradoras, indústrias de transformação mineral — nacionais e estrangeiras — além de garimpos.

O banco de dados é atualizado anualmente a partir de fontes secundárias, com base em notícias da imprensa nacional e regional, portais independentes, redes sociais e denúncias de movimentos sociais, ONGs e assessorias técnicas. Somam-se a essas informações os registros anuais da Comissão Pastoral da Terra (CPT), referente aos conflitos no campo, e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), no caso de disputas relacionadas a povos indígenas.

O Observatório permite acompanhar a evolução dos conflitos ao longo do tempo, identificar os agentes envolvidos e relacionar os dados às dinâmicas políticas e econômicas que moldam a mineração no Brasil. Ao revelar a distribuição territorial dos conflitos, o Mapa contribui para compreender as disputas por recursos naturais e os impactos diretos sobre comunidades atingidas.

 

 

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