Quem assiste ao programa da TV Globo Big Brother Brasil (BBB), reality show de maior audiência da TV brasileira, pode perceber que um dos seus grandes patrocinadores na atual edição é a empresa Braskem. Na tentativa de fazer um “greenwashing”, ou “lavagem verde” em tradução livre, a empresa que movimenta bilhões anualmente tem se apresentado como promotora da sustentabilidade ambiental, argumento falacioso quando lembramos do maior desastre ambiental urbano da história do Brasil, que ainda continua em andamento, mas é desconhecido pela maior parte do país.    

No início de 2018, moradores de Maceió sentiram fortes tremores de terra. Em diferentes bairros da cidade, a estrutura de casas, prédios e ruas foram abaladas e relatos de afundamentos de solo com o surgimento de crateras passaram a ser comuns. O fenômeno, que foi tratado inicialmente pelos maceioenses como natural e isolado, se repetiria mais tarde no mesmo ano, quando um novo abalo, de 2,5° na escala Richter, impactou novamente os moradores.

O fenômeno foi investigado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) que, em 2019, concluiu que os tremores e as consequentes fissuras que atingiram casas, comércios e ruas era de responsabilidade da empresa Braskem, que realizava extração de sal-gema[1] na região. Nesse momento, impactos já eram sentidos em quatro bairros de Maceió: Bebedouro, Bom Parto, Mutange e Pinheiro.

A Braskem contestou o estudo divulgado pela CPRM, encomendando um novo a ser realizado por instituição estrangeira. Esse estudo, produzido pelo Instituto de Geomecânica de Leipzig, da Alemanha, recomendou a imediata remoção das famílias que residem no entorno dos poços explorados pela Braskem em Maceió.

A remoção, iniciada após acordo da Braskem com os órgãos públicos competentes, previu também a indenização dos moradores. Até hoje, um número próximo de 55 mil pessoas já tiveram de deixar suas casas, resultando num êxodo urbano cujos efeitos sociais, econômicos e culturais se fazem sentir.

Do ponto de vista dos atingidos removidos de suas casas, é grande a dor de quem teve que deixar para trás o lar e a vizinhança, como conta uma ex-moradora do bairro Pinheiro:

“É muito doloroso esse processo, andar no bairro que de um lado era o salão da cabeleireira, do outro o colégio que sua filha estudou no maternal, na frente a casa da coleguinha. É difícil mensurar o quão doloroso é”. (Outras Mídias, 2021)

Entretanto, esse sentimento de tristeza se mistura com o de revolta. A desocupação em massa das casas atingidas gerou um ciclo perverso de alta na demanda por novos lares, inflacionando o mercado imobiliário local. Para agravar essa situação, a única opção das famílias atingidas foi aceitar um acordo com a Braskem, cujo valor a ser recebido é insuficiente para adquirir outro imóvel e são considerados inadequados.

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