Ninguém foi indiciado pelas 259 mortes nesta etapa da investigação. Treze funcionários da Vale e da TÜV SÜD chegaram a ser presos, mas foram soltos pelo STJ.
Segundo matéria divulgada pelo Jornal Nacional (TV Globo), a Polícia Federal apresentou, nesta quinta (16), um balanço das investigações sobre a tragédia em Brumadinho. Ninguém foi indiciado pelas 259 mortes.
A Polícia Federal alega que teve dificuldade de encontrar peritos especialistas em barragens no Brasil e que, por isso, foi atrás de pesquisadores de duas universidades na Europa. Eles vão ajudar a apontar a prova mais importante para a investigação: o laudo indicando a causa da liquefação, fenômeno que provocou a ruptura e o vazamento de 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério da barragem da Vale, em Brumadinho.
“A gente trabalha com a hipótese de que esse laudo nos seja entregue em junho de 2020”, disse o delegado da Polícia Federal Luiz Augusto Pessoa.
A PF explicou que, só depois de obter essa informação, vai poder apontar o papel de cada investigado no inquérito aberto para apurar os crimes contra o meio ambiente e as mais de 250 mortes. Até agora, quase um ano depois da tragédia, ninguém foi indiciado nessa parte da investigação.
Em setembro de 2019, a PF concluiu outra parte da investigação, que apurou os crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso, e 13 pessoas foram indiciadas: sete gestores e funcionários da Vale e seis pessoas ligadas à empresa alemã de consultoria TÜV SÜD, que deu a declaração de estabilidade da barragem B1.
Pouco depois do rompimento da barragem, 13 funcionários da Vale e da TÜV SÜD chegaram a ser presos, mas foram soltos por decisão do Superior Tribunal de Justiça.
Mais de 40 perícias são realizadas pela Polícia Federal e os técnicos analisam 80 milhões de documentos, incluindo e-mails e trocas de mensagens em redes sociais.
A Polícia Federal informou que pretende ouvir novamente os executivos da Vale. Isso deve acontecer em fevereiro. E que estuda uma nova maneira de tomar um depoimento de um executivo da consultoria TÜV SÜD, que votou para a Alemanha depois de ter sido indiciado em Minas Gerais. Segundo a PF, ele já mandou dizer que não volta.
O delegado que cuida do caso pode ir à Alemanha para ouvi-lo: “através de conteúdos de contas de email de funcionários da TÜV SÜD, conseguimos identificar algumas conversas em que ele teria sido o responsável por definir se a TÜV SÜD iria ou não declarar condição de estabilidade daquela barragem”.
Morreram 259 pessoas na tragédia do dia 25 de janeiro de 2019. Os bombeiros ainda buscam 11 pessoas que provavelmente estão soterradas no meio da lama.
A TÜV SÜD não quis se manifestar. A Vale declarou que especialistas contratados por ela concluíram que a barragem se rompeu de forma abrupta e sem sinais prévios aparentes que pudessem ser detectados pelos instrumentos de monitoramento. A mineradora afirmou que sempre esteve comprometida com a segurança e que continuará contribuindo com as investigações.
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