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Rompimento da barragem de Fundão: Comitê se transforma numa fonte importante de notícias

05 de novembro de 2015. Um dos dias mais tristes do Comitê. Uma hora após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), o Comitê começa a receber diversas mensagem de pessoas da região alertando sobre o rompimento. As pessoas estavam desesperadas, falavam em muitos mortos. Naquele momento fizemos um post na página do Comitê com nossos telefones e pedindo que as pessoas nos atualizassem e enviassem fotos e vídeos.

Foi montado ali uma comunicação de guerra. Em poucos minutos já participávamos de mais de 20 grupos de whatsapp, onde moradores postavam fotos, vídeos e as informações que conseguiam colher.

Esse material foi usado para informar a imprensa e dezenas de vídeos exibidos exaustivamente nos meios de comunicação foram enviados pela comunicação do Comitê. A grande imprensa soltava informações desencontradas e sem saber explicar o que de fato era o “rompimento de uma barragem”.

Rapidamente o Comitê e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM se uniram e montaram uma equipe local, se deslocando no meio da lama em busca de informações, fotos e depoimentos. Nossos posts passaram a alimentar as grandes redes de notícias nacionais e internacionais.

Em defesa dos atingidos apoiamos e divulgamos campanhas de apoio e através de entrevistas  com  pesquisadores que integram o Comitê, a grande imprensa começou a explicar à sociedade o que acontecia em Mariana. Naquele momento, a página no Facebook do Comitê – https://www.facebook.com/emdefesadosterritorios/ passou a ser a fonte mais fidedigna para o que estava acontecendo em Mariana.

A audiência da página tinha milhões de visualizações diárias:

Na Al Jazeera, o professor da UFRJ Rodrigo Pereira dos Santos, que faz parte do Grupo PoEmas, que faz parte do Comitê denunciou que na esteira de um desastre ambiental, o Brasil entrou com um processo de US $ 5,2 bilhões contra duas empresas de mega-mineração. Mas os políticos do país estão nos bolsos do lobby de mineração?

À BBC Brasil, Rodrigo Pereira Santos explicou:

“Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o sociólogo Rodrigo Santos coordena o grupo de pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, que monitora impactos negativos de projetos de mineração no país. Ele afirma que, no Brasil, a BHP ainda é pouco conhecida porque explora pouco a divulgação de sua imagem.

Santos diz que a Vale tem inquestionável preponderância no Brasil e uma posição de destaque da BHP a deixaria mais suscetível a riscos institucionais e econômicos no país. Assim, diz, sua estratégia tem sido de se apoiar em posições acionárias minoritárias e na”desresponsabilização” operacional.

“Isso deve permanecer central nas ações da BHP junto ao Estado e à opinião pública brasileira após o desastre. Mas é provável que mobilizações da sociedade civil e da imprensa questionem quaisquer pretensões da empresa de se eximir de responsabilidade e de manter uma baixa visibilidade no evento.”

Santos diz que a imagem da BHP vem sendo questionada “há bastante tempo” em outras partes do mundo por redes de ONGs, movimentos sociais e populações afetadas pela mineração, a exemplo do que ocorre no Brasil com movimentos que defendem comunidades e territórios de áreas de mineração.

Matéria:

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151111_mariana_desastre_bhp_jc_cc?error_code=4201&error_message=User+canceled+the+Dialog+flow#_=_

Juliana Malerba, pesquisadora na ONG Fase, falou ao jornal Folha de S. Paulo sobre o quanto um Código de Mineração permissivo também permitiu que o Desastre de Mariana acontecesse:

“Foi preciso ocorrer uma tragédia como a de Mariana para que o relator considerasse demandas que reivindicamos desde 2013”, lamenta Julianna Malerba, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental e do Comitê em Defesa dos Territórios Frente à Mineração.

Segundo ela, a proposta inicial do novo código, do Executivo, tinha problemas do ponto de vista socioambiental. “Mas, no Legislativo, o texto foi modificado por comissões compostas majoritariamente por deputados financiados pelas grandes mineradoras, e piorou muito.”

Onze dos 21 deputados que compõem a ainda incompleta nova comissão para discussão do texto tiveram parte de suas campanhas financiadas por mineradoras. O relator, Quintão, teve 42% da campanha de 2014 bancados pelo setor e seu irmão é acionista de uma mineradora.

Enquanto o código em vigor determina a obrigatoriedade de a mineradora evitar a poluição da água e do ar e proteger e conservar fontes de água, o texto reformulado pelos parlamentares menciona não a preservação, mas a “recuperação ambiental das áreas impactadas”.

A proposta do novo código também descreve como direito da mineradora “usar as águas necessárias para as operações da concessão”.

“O beneficiamento do minério usa muita água, a mesma que alimentaria o lençol freático”, destaca Malerba.

Matéria:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/11/1709460-infratores-ambientais-pagam-so-87-das-multas-aplicadas-pelo-ibama.shtml

Alessandra Cardoso, Assessora Política do Inesc falou ao Estado de Minas sobre o financiamento de campanhas por mineradoras e sua relação com a Tragédia de Mariana:

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/15/interna_gerais,708080/mineradoras-financiam-politicos.shtml

O Comitê denunciou à BBC Brasil a mortandade dos peixes, os vídeos cedidos pelo comitê foram publicados na matéria: Pescadores convocam ‘Arca de Noé’ por WhatsApp para salvar peixes de dilúvio de lama

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11

Foram centenas de matérias publicadas com opiniões, análises e denúncias feitas por  pesquisadores e integrantes de movimentos sociais e organizações que integram o Comitê.

Categorias: História
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