O Relatório de Conflitos da Mineração 2024 revela a profundidade dos impactos do setor mineral sobre territórios, comunidades e povos no Brasil, evidenciando a urgência da luta por territórios livres de mineração.
Ao longo de 2024, foram registradas 101 ocorrências de conflitos envolvendo invasões de territórios, demonstrando o avanço da atividade mineral sobre áreas tradicionalmente ocupadas. O levantamento também identificou 129 situações de conflito associadas à poluição das águas, um dos impactos mais recorrentes e devastadores da mineração, com efeitos diretos sobre a saúde, os modos de vida e a soberania alimentar das populações atingidas.
Os dados mostram que 134 territórios de populações tradicionais foram impactados pelo setor mineral no período analisado. Entre eles, 41 territórios quilombolas sofreram violências relacionadas à atividade mineral, reforçando o caráter histórico e estrutural das violações de direitos enfrentadas por essas comunidades.
A situação é especialmente grave nos territórios indígenas. Em 2024, ao menos 87.129 indígenas e 69 Terras Indígenas foram afetados pela mineração e pelo garimpo, atividades que seguem avançando mesmo diante de restrições legais e de reiteradas denúncias de violações socioambientais.
Os números sistematizados pelo Relatório escancaram que os conflitos da mineração não são episódios isolados, mas resultado de um modelo extrativista que prioriza a exploração econômica em detrimento dos direitos humanos, da proteção ambiental e da autodeterminação dos povos. Diante desse cenário, o documento reforça a necessidade de fortalecer a defesa de territórios livres de mineração como condição fundamental para a justiça social, ambiental e climática no país.