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Vale compra 5 milhões de testes para COVID-19 na China, mas se recusa a testar seus trabalhadores

As entidades abaixo assinadas vêm manifestar sua solidariedade à família do trabalhador da Vale que faleceu na noite de 10 de abril em Parauapebas (PA) em consequência de infecção por Sars-Cov-2, bem como aos moradores da cidade e aos demais trabalhadores das empresas mineradoras. Segundo colegas, depois que o trabalhador, um homem de 42 anos, apresentou sintomas semelhantes aos da COVID-19, a Vale indicou que ele deveria permanecer em isolamento em casa, sem realizar nenhum teste para a doença ou avaliação médica específica. Ainda segundo amigos, ele levou cinco dias para ser internado no hospital que a Vale mantém em Parauapebas onde foi diagnosticado com pneumonia. O trabalhador foi encaminhado no dia 08 de abril para a UTI de outro hospital da cidade, onde veio a falecer dois dias depois.

Desde o início da pandemia da COVID-19, diferentes organizações vêm demandando que as empresas mineradoras parem suas atividades, bem como solicitando ao governo a revogação da Portaria 135/2020 do Ministério de Minas e Energia, que declarou toda a atividade mineral, inclusive aquela voltada para exportação, como atividade essencial. Pelas condições específicas desse setor os trabalhadores estão em constante aglomerações, seja nos ônibus, refeitórios, ou alojamentos; o que aumenta o risco de transmissão. Na maior parte dos casos, os funcionários administrativos foram transferidos para home office, para não serem infectados, mas os trabalhadores operacionais continuam atuando em grande risco para sua saúde e de suas famílias. A morte ocorrida no dia 10 de abril demonstra que as medidas tomadas pela Vale não garantem a segurança de seus trabalhadores.

Enquanto expõe seus trabalhadores ao novo coronavírus, a Vale em campanhas de imagem institucional, faz doações aos governos, sendo seguida por várias outras empresas do setor. Embora tenha paralisado operações no Canadá e na Malásia, a Vale, como outras mineradoras, se recusa a interromper atividades no Brasil. Além disso, apesar de ter comprado 5 milhões de testes rápidos para a doença na China, a Vale vem negando os pedidos de seus trabalhadores de serem testados. Os desastres em Mariana e Brumadinho mostraram que as mineradoras não sabem gerir adequadamente os riscos aos quais seus trabalhadores estão expostos. Em nome da vida e no combate à proliferação da COVID-19, a mineração precisa parar!

Assinam:

  1. Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração
  2. Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM)
  3. Rede Brasileira de Justiça Ambiental
  4. Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AVs)
  5. Grupo Política, Economia, Mineração e Sociedade (POEMAS)
  6. Rede Igrejas e Mineração
  7. Justiça nos Trilhos
  8. Movimento Águas e Serras de Casa Branca – Brumadinho (MG)
  9. Movimento pelas Serras e Águas de Minas – (MOVSAM)
  10. Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI)
  11. Sindicato Metabase Inconfidentes
  12. FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

Categorias: Notícias
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